A situação é especialmente grave no Nordeste. Cidades da região ocupam as dez primeiras posições no ranking das mais violentas do país. Maranguape (CE) lidera, com taxa de 80 mortes violentas por 100 mil habitantes, seguida por Jequié, Juazeiro e Camaçari (BA), além de Cabo de Santo Agostinho (PE). O estudo aponta que as disputas entre facções criminosas pelo controle do tráfico de drogas são a principal causa dessa escalada de violência.
Bahia e Maranhão em destaque
A Bahia concentra cinco das dez cidades mais violentas, confirmando o estado como um dos focos mais críticos de criminalidade. Já no Maranhão, apesar dos desafios, os dados preliminares de 2025 indicam melhora nos indicadores de violência letal. Segundo nota da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-MA), houve redução de 6% nos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) no primeiro semestre do ano.
A nota da SSP-MA também destaca quedas expressivas em indicadores pontuais: latrocínios recuaram 20%, homicídios diminuíram 6% e, em junho, houve retração de 24% nos CVLIs em comparação ao mesmo mês de 2024. Em São Luís, os homicídios dolosos caíram 6% e os feminicídios na Ilha de São Luís recuaram 42%.
Outros destaques do Anuário:
Um golpe é aplicado a cada 15 segundos no Brasil. O número de estelionatos subiu 7,8% em um ano e acumula crescimento de mais de 400% desde 2018;
Crimes sexuais chegaram a 87.545 casos em 2024, o equivalente a uma vítima a cada 6 minutos;
1 em cada 5 medidas protetivas urgentes foi descumprida no último ano;
Roubos e furtos de celulares caíram 12,6%, mas mais de 917 mil aparelhos foram levados;
Apenas 8% dos celulares roubados foram recuperados pelas polícias;
O investimento público em segurança alcançou R$ 153 bilhões em 2024, com aumento de 6,1% em relação ao ano anterior. Municípios lideraram os aportes, com alta de 60% desde 2021;
A fabricação de armas no Brasil caiu 92,3% entre 2021 e 2024;
A população carcerária cresceu 6% em 2024, atingindo 909.594 pessoas. O déficit de vagas no sistema ultrapassa 237 mil;
Estados como Rio Grande do Norte (RN) e Santa Catarina (SC) lideram as interrupções de aulas devido à violência no entorno das escolas.
Criminalidade digital e bullying
O Anuário também alerta para o crescimento de crimes no meio digital. Casos de bullying e cyberbullying aumentaram, com 47% das vítimas do primeiro grupo sendo crianças a partir dos 10 anos. Já o cyberbullying afeta majoritariamente adolescentes entre 14 e 17 anos (58%).
Diante desse cenário, o relatório reforça a necessidade de políticas públicas que não apenas reforcem o aparato policial, mas também atuem em frentes preventivas, especialmente nas áreas mais vulneráveis, como o Nordeste, onde a criminalidade se enraíza em problemas sociais e estruturais.
*Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública