Lançamento do foguete que fará 1º voo comercial espacial do Brasil é remarcado para segunda-feira

A operação integra a missão Spaceward, conta com apoio da Agência Espacial Brasileira e reforça o papel do Maranhão como área estratégica para voos comerciais.

A Força Aérea Brasileira (FAB) e a empresa sul-coreana Innospace marcaram para esta segunda-feira (22), às 15h45, a quarta tentativa de lançamento do foguete que fará o primeiro voo comercial espacial do Brasil, no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão.

A operação faz parte da missão Spaceward e conta com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB). O lançamento é considerado um passo importante para inserir o Brasil no mercado internacional de lançamentos espaciais.

Segundo os organizadores, a iniciativa pode atrair investimentos e ampliar as oportunidades de geração de renda no setor espacial, com Alcântara sendo apontada como estratégica para missões comerciais por causa da localização geográfica favorável.

 

Esta é a terceira vez que o lançamento do foguete HANBIT-Nano é reprogramado. Em 21 de novembro, véspera da data inicialmente prevista, a missão já havia sido adiada para a realização de ajustes adicionais no veículo e avaliação do desempenho durante o voo.

O lançamento foi remarcado para 17 de dezembro. Entretanto, a missão precisou cancelada após a detecção de uma "anomalia no dispositivo de resfriamento do sistema de fornecimento de oxidante do primeiro estágio do foguete, durante o procedimento de inspeção final de lançamento".

O cancelamento aconteceu pela necessidade da realização de inspeção técnica no funcionamento da válvula utilizada para o abastecimento do tanque de metano líquido do segundo estágio do foguete.

Uma nova data de lançamento não foi divulgada. O período deve ser informado somente após uma definição entre as autoridades brasileiras e a empresa sul-coreana.

O problema foi corrigido com a troca de componentes do foguete e a data foi remarcada para a sexta-feira (19).

Nesta sexta-feira, o horário de lançamento estava previsto para as 15h34, mas foi alterado para as 17h devido ao tempo nublado em Alcântara. O horário foi alterado novamente para as 21h, após ser identificado um problema no fornecimento de energia elétrica em solo no local de lançamento.

O que acontece agora? ❓

Foguete sul-coreano HANBIT-Nano posicionado na plataforma de lançamento no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) no Maranhão — Foto: Força Aérea Brasileira (FAB)

Foguete sul-coreano HANBIT-Nano posicionado na plataforma de lançamento no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) no Maranhão — Foto: Força Aérea Brasileira (FAB)

A janela de lançamento do foguete — período em que ele pode ser lançado — segue aberta até o dia 22 de dezembro de 2026. Caso até essa data o foguete não seja lançado, uma nova janela de lançamento deve ser informada.

O período deve ser definido entre a empresa responsável pelo foguete, a Força Aérea Brasileira e a Agência Espacial Brasileira. As datas devem considerar condições climáticas favoráveis para o lançamento.

Conheça o HANBIT-Nano

O HANBIT-Nano é capaz de atingir a atmosfera e chegar ao espaço em até três minutos, tem 21,9 metros de altura, pesa 20 toneladas e possui 1,4 metro de diâmetro (veja mais detalhes abaixo). Em sua trajetória até a órbita da Terra, ele pode chegar a 30 mil km/h.

Em números simplificados, ele equivale à altura de um prédio de sete andarespode voar até 30 vezes mais rápido que um avião comercial e tem peso semelhante ao de quatro elefantes africanos.

Batizada de Spaceward, a missão envolve um trabalho coordenado pela Força Aérea Brasileira (FAB) e pela Agência Espacial Brasileira (AEB). O objetivo é levar ao espaço cinco satélites e três dispositivos que auxiliarão pesquisas em mais de cinco áreas, desenvolvidas por instituições do Brasil e da Índia.

🔭 Quando lançado, o foguete HANBIT-Nano poderá ser visto a olho nu dos céus de Alcântara (MA) e em parte do litoral de São Luís (MA).

Se bem-sucedido, o lançamento pode representar um avanço do Brasil rumo ao mercado global de lançamentos espaciais. A compensação monetária paga pela Innospace ao governo brasileiro para a missão não foi informada.

Ao g1, a Agência Espacial Brasileira (AEB) informou que a Innospace firmou um acordo de prestação de serviços pelo valor mínimo de retribuição ao Estado com o Governo Brasileiro. Essa modalidade não prevê lucro.

Arte: Como é o foguete HANBIT-Nano — Foto: Arte/g1

Arte: Como é o foguete HANBIT-Nano — Foto: Arte/g1

Nova fase

Foguete HANBIT-Nano será lançado neste sábado (22) no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) no Maranhão — Foto: INNOSPACE

Foguete HANBIT-Nano será lançado neste sábado (22) no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) no Maranhão — Foto: INNOSPACE

A Operação Spaceward, que vai lançar o HANBIT-Nano, marca o início de uma nova era do Programa Espacial Brasileiro. O foguete pode inserir o Brasil no mercado global espacial, contribuir na melhora da tecnologia dos dispositivos espaciais e atrair novos investimentos estrangeiros, alavancando o Programa Espacial Brasileiro.

A abertura da base ao mercado de lançamento de foguetes comerciais em Alcântara começou a se tornar possível devido a um Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) assinado pelos governos brasileiro e dos EUA, em 2019.

Pelo acordo, dispositivos desenvolvidos com tecnologia norte-americana e por empresas privadas autorizadas por ele poderiam ser lançados de Alcântara, e o Brasil ficaria habilitado a receber uma compensação monetária.

Isso porque são os EUA que produzem grande parte dos componentes presentes em foguetes lançados no mundo. Porém, os norte-americanos não autorizam esses dispositivos a serem lançados por países nos quais eles não possuem acordos na área espacial. Com a assinatura, em 2019, o processo foi simplificado.

 

"Antigamente não era proibido, mas para cada lançamento que você fizesse, precisava de uma autorização especial. Agora, é muito mais fácil", explicou Marco Antonio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB).

 

Arte: Por que Alcântara? — Foto: Arte/g1

Arte: Por que Alcântara? — Foto: Arte/g1

 

Por g1 MA — São Luís, MA